quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Uma angústia sufocante. Uma certeza dolorida de saber do que se trata. Não seja inocente o mundo não cabe no seu mundo. Coitado dos que acham que podem consumir tudo com a voraz força do seu ser. Coitados! Nada espera sua vivência ou sua vontade. Escolhas, são elas que decidem pra onde o próximo passo irá levar. A ilusão do poder sobre alguém é pura mentira. Só mais uma de tantas que vc acha que conhece. Ninguém se deixa ser fantoche por muito tempo. Penso, penso e sinto só o coração mais uma vez aqui, cansado de ter esperança de você voltar. Mas voltar de onde? Você nunca teve pouso. Aqui tudo vai se colocando aos poucos no lugar. A poeira vai se assentando e eu aqui esperando pela chuva. Será que ela vem? Muito mais fácil esperar por ela. Mesmo demorando aqui no cerrado, a metereologia me garante que ela chega.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Ele não pulou. Mas o corpo todo estremeceu e de verdade, parecia ser mais forte do que qualquer tremor sentido que lembrasse. Era muita vontade e pouca lembrança. Sempre soube que queria. Que poderia ter, ou que melhor ainda, que não podia ter quando quisesse como acontecia antes. Fascinação! Fez tudo errado. Deleitou-se e deixou acontecer. Sim ,dessa vez não teve tempo pra pensar e recusar. Entregou-se. Aproveitou. E não, não se arrependeu. Isso era o pior, deveria sentir-se culpada. Mas não aconteceu. Porque tinha sido covarde todo esse tempo? Porque fugia sempre? Inúmeros porquês sem resposta. Dessa vez sabia ao menos que tinha tentado rever um dos seus grandes erros. Tinha tido prazer. Tinha se deixado receber. Grande passo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ontem hoje e o amanhã não fazem diferença nesse momento de doçura. Uma doçura momentânea que vem explora, machuca e não deixa entender de onde vem.
Sem motivo aparente vem tão lentamente mas vai embora velozmente como se sentisse que não deveria estar ali ou que não tem permissão pra tal rebeldia.
Um duro coração congelado por tanto tempo não deveria ousar sentir nada tão puro assim.
Talvez estivesse provando agora de outros sabores e aromas. Experimentação básica do que todos já conheciam fazia muito tempo.
Uma falta tão forte que chegava a ser agoniante do ser do lado, aquele que quer compartilhar suas besteiras e verdades mais inatingiveis.
Não era fácil. Pelo contrário era muito complicado.

[Sem final].

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Amanheci em coléra. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece..."

[Lispector]

segunda-feira, 11 de maio de 2009

O que dizer sobre as coisas presas na mente?
Apenas mais um dia, somente um minuto a mais no movimento de uma vida.
É preciso mais tempo para acertar tudo. Ou talvez não tenha solução.
Dane-se a situação, os problemas, os jogos. O final do jogo não existe.
O meio, o inicio, a sedução do errado, do julgado, do swingue do que não presta é totalmente atrativo. Onde estão as palavras certas ? Onde estão os pensamentos presos da mente? os pensamentos que não se expressam nos lábios? Como o coração balança, dói por palavras que não existem? Sai, expulsa, grita, esperneia o peso de um mundo de um sol de uma lua. E entre nós o que está acontecendo? Tudo o que parecemos saber parece estar mostrando a nossa separação. A separação do profundo, do que existia antes do nosso conhecimento. A banalidade de dias normais, de sol , de amigos e nada que seja seu, que seja meu que possa algum dia ter sido nosso. Somente e somente manhãs, chuvas, sons, expressões do que existe e faz parte da glória de estar em paz.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Algumas horas, alguns copos, amigos, proibições tudo regado a euforia e mentira. Mentira de ambas as partes. A cegueira momentânea havia se instalado nos dois corações. Bem mais fácil acreditar que poderiam resolver aquilo somente correndo e abrindo os braços, batendo os ombros e pensando: não me importo, não existe o resto da humanidade, podemos agora tudo apenas porque queremos. Ilusão. Nada mudou. Continuavam com os problemas habituais. A dispepsia de um somava se a paixão da outra. Não bastava, infelizmente. O ímpeto dos corpos, a dança dos dedos apertados, a descoberta dos cheiros parecia mais forte a cada segundo. Mas uma supernova de razão bateu e destrui tudo o que o encantamento trouxe. Não podia viver aquilo agora. Seria covardia ou coragem largar isso? Não interessava, precisava e tinha tomado a decisão. Abria mão da dança dos dedos. Era sabido que traria dor mas também o bem. O conforto de estar agindo com verdade. Correr, chorar, dormir com a angústia sufocando, querer mudar tudo em um estalar de dedos nada disso era possível. Sempre haveria algo no caminho, sempre haveria algo se interpondo. A esperança não estava naquilo que sabia, estava em algum lugar perdido. Esperava perder-se novamente nesse labirinto louco de saudade, encontrar a paz na confusão. Bem vindo ao meu mundo, o desafio é se mover entre o que você é o que você deveria ser.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Silêncio. Sempre o achei tão necessário. Mas vivo agora momentos em que o peito quer gritar. Explodir, provocar. É isso, eu quero provocar, causar as mais diversas sensações e impressões nesses corações, nesse mundo. Mas o que acontece quando se abre mão de um escudo, de um modo simples de defesa? Silenciar o sentir, o pensar, o respirar, fazer o menor ruído possível, se fazer imperceptível. Desaparecer.E era tão fácil isso acontecer. Bastava se dar pra todas as loucuras pensadas no dia a dia. Era só dar razão ao que não tem razão. Era só amar o que todo mundo desprezava. Era só se dar espaço, acreditar no passado, transformar ele em permissão em juízo. Gritar, se dar o direito de viver a desorganização, a bagunça, não restringir aquela voz louca que chega rasteira e toma conta do corpo e quer por tudo se fazer presente. O silêncio vem sempre acompanhado de solidão. E depois de tanta balela e tanta conversa sem nexo acaba se percebendo que basta beber, até a última gota do que quer que seja. De absinto, de vodka, de cerveja a preferência é de destilados mas cada qual com seu fígado. Não resolve, mas maqueia.